I teach young learners aged from 6 to 10 years old in a language school in Brazil. All of them arrive 10 to 15 minutes before the classes and spend this time in the school computer lab. I like to spend some of this time with them because it is a good opportunity to check what they are doing and practice the language in a casual environment. As all of them play computer games, I sit next to them and observe. From these observations, I realised that if they fail at whatever game they are playing at that moment, they always go back and try again until they learn the strategies, concepts and skills to ‘win!’ Then, when they achieve those goals, they set new ones and come back for more. I also realised that games should give us teachers the tools to engage student learning in ways that reflect what we know about motivation, achievement, and actual learning itself. So, what is it about games? Shernoff & Csikszentmihalyi, in their chapter Flow in Schools Revisited, point out that enjoyment and interest in school are good predictors of student success. They propose that an ideal learning environment presents challenging and relevant activities that allow students to feel confident and in control; promotes both concentration and enjoyment; is intrinsically satisfying in the short term while building a foundation of skills and interests; involves both intellect and feeling; and requires effort and yet feels like play. This is just like a game! Games also work in what is called the zone of proximal development. The zone of proximal development is the gap between what a learner has already mastered and what they can achieve when provided with educational support – guidance, persistence, and encouragement. It is a concept introduced by Lev Vygotsky (1896 – 1934). I have always believed that real learning happens when you are having fun. It does not mean that learning is not hard work – it is! But it can be both fun and challenging, just like a game. With games, players (learners) are challenged, so they persist, plan better for the next time, and then learn. Every time we learn something new, there is a discharge of dopamine in our brains so that the hard work of learning is intrinsically rewarded. There is no need for extrinsic rewards, which in my opinion, hinder creativity. Finally, games encourage trial and failure. All people who play games fail more than they succeed, but it only means that a certain approach failed, not the player (learner). They know that if they keep trying, they will find other approaches that will succeed, and they can advance and keep playing. They know they will only succeed if they try, and they engage in a game for the challenge and enjoyment, measuring achievement and competence, not grades. Isn’t this what we want from our learners? References: Shernoff, D. J., Abdi, B., Anderson, B., & Csikszentmihalyi, M. (2014). Flow in schools revisited: Cultivating engaged learners and optimal learning environments. In Furlong, R. Gilman & S. Huebner (Eds.) Handbook of Positive Psychology in Schools, 2nd edition, pp. 211-226. New York: Routledge, Taylor & Francis. Vygotsky, L. (1962). Thought and Language. Cambridge, MA: MIT Press, pp. 108 - 121.
0 Comments
O objetivo deste estudo é procurar procedimentos de leitura capazes de permitirem a leitura de consenso de um texto, a fim de se verificar qual é a coerência que ele apresenta. Pretendo, com este estudo, buscar saber os procedimentos necessários para uma leitura de consenso. Muitas análises de texto, depois de examinarem o nível fonético, mórfico e sintático, afirmam que a interpretação do texto deve ficar a critério do leitor, pois consideram os textos literários uma “obra aberta” a múltiplas interpretações. Assim, cada leitor poderá interpretar o texto a partir do que ele inferiu. Embora um texto tenha várias leituras, o tradutor não deve interferir na carga de significados, não deve “interpretar” ou ir além do texto. Segundo Alexander Tytler, o tradutor deve: a) reproduzir em sua totalidade a idéia do texto original; b) o estilo na tradução deve ser o mesmo do original e c) a tradução deve ter toda a fluência e a naturalidade do texto original. Traduzir significa necessariamente ler. Ler significa produzir significados, a partir de um texto; significados estes permitidos pelo texto, e não aqueles que achamos estar presentes no texto. Assim, o traduzir compreende em ler, pois o tradutor deve estar voltado para a busca de uma leitura de consenso e não de leituras específicas, isto é, saber o que o autor do texto original disse e não aquilo que ele quis dizer ou que se poderia dizer a partir do que ele disse. Por esta razão, o tradutor não pode valer-se de posturas teóricas que defende a leitura específica: “uma obra sempre está aberta a múltiplas interpretações”. Ainda que o tradutor não possa negar a existência de leituras específicas, ele sempre deve estar voltado para a leitura de consenso: aquela que busca saber o que o texto quis dizer. Nesse estudo, busco estabelece um conjunto de procedimentos de análises capaz de levar o tradutor a instaurar a leitura de consenso de um texto. Fundamentação Teórica Na década de 60, aproximadamente, as teorias linguísticas que buscavam dar conta da análise e descrição do fenômeno linguístico, ao nível da palavra e da frase, passam a ser questionadas. Postula-se, então, a necessidade de modelos teóricos voltados para o texto, visto que o homem não fala por palavras ou frases isoladas, mas por textos coesos e coerentes. A mudança do objeto de estudo da Linguística traz como consequência novos procedimentos de análise. Assim o texto, entendido como unidade de significação de dupla lateralidade – coerência e coesão – passa a ser o centro das atenções dos estudiosos da linguagem. João Hilton Sayeg de Siqueira, em seu livro “O Texto”, recorrendo a uma quantidade de teorias, afirma ser necessário tratar o texto como unidade de sentido. Para tanto, o texto deve abordar um mesmo assunto do início ao fim para poder ser considerado uno. Segundo o autor, a introdução, ou até mesmo o título, deve criar uma expectativa ao leitor, o que direcionará a leitura. Há textos que criam falsas expectativas por tomarem um rumo diferente daquele que dele se espera, rompendo, desse modo, com uma sequência lógica. Um dos meios de se manter a unidade de um texto é o autor se mostrar conhecedor do assunto e capaz de desenvolvê-lo. O primeiro contato entre o autor e o leitor se estabelece no momento da introdução. É quando o autor mostra o que e como abordará determinado assunto através de elementos persuasivos que irão despertar a curiosidade do leitor. Um outro fator que contribui para que a unidade do texto seja mantida é a referência do texto e o seu enfoque temático. A referência de um texto é o conceito que o texto busca organizar. Já o tema consiste no modo como o conceito é apresentado para o leitor. Nesse sentido, pode-se citar como exemplo que um conceito como “saúde” pode ser recortado (tematizado) de diferentes maneiras pelo escritor. Um texto, para ser considerado unidade de sentido, além de manter a referência e o tema, precisa trazer uma informação nova, pois sempre que se lê há um interesse em buscar novos conhecimentos. Ao apresentar uma nova informação, deve-se fundamentá-la para, a partir daí, o texto se expandir. Resumindo, as características principais de um texto, segundo o João H. Sayeg, são: a) apresentação de uma situação inicial em que o autor, recuperando um saber que considera partilhado, apresenta o assunto do texto; b) a colocação de uma informação nova; c) a busca de justificativas que deem credibilidade para a informação nova, tornando-a aceitável; d) a conclusão, que apresenta uma nova visão particular do escritor sobre o assunto, uma nova possibilidade de conceituar a referência e ampliá-la; e) a progressão semântica da referência tematizada, evitando-se a repetição e a circularidade do plano do conteúdo (idéias). A dupla lateralidade do texto – a coerência e a coesão – é estudada por Ingedore V. Koch e Luiza Carlos Travaglia. Segundo os autores, a coerência está diretamente ligada a possibilidade de se estabelecer um sentido global para o texto, devendo ser entendida como um princípio de interpretabilidade. Para haver coerência é preciso que haja possibilidade de se estabelecer, no texto, alguma forma de unidade de relação entre seus elementos. A coerência é caracterizada por todos os elementos linguísticos e não linguísticos necessários para o processo de produção e compreensão de textos. Assim, o conhecimento dos elementos linguísticos, de sua relação com o contexto situacional são imprescindíveis para o cálculo do sentido e a percepção de um texto como sendo coerente. É a coerência, segundo os autores, que permite estabelecer as relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) entre os elementos da sequência sintagmática do texto (morfemas, palavras, expressões, frases, parágrafos, capítulos etc.), permitindo construí-la como uma unidade significativa. Portanto, é a coerência que dá textura ou textualidade a sequência linguística. A coesão é a manifestação linear de um texto, ou seja, os recursos morfológicos e sintáticos que garantem o encadeamento lógico. Ela é explicitamente revelada através de marcas linguísticas e superficiais de um texto, sendo ela a ligação que se estabelece entre os elementos que constituem a superfície textual. Há duas modalidades de coesão: a) Referencial: é a que se estabelece entre dois ou mais componentes da superfície textual, que remetem a um mesmo referente. É obtida por substituição ou reiteração. b) Sequencial: é a que se faz através de dois procedimentos: a recorrência e a progressão. O produtor de um texto tem, necessariamente, que determinar objetos ou propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou manter o contato com o receptor, até a de levá-lo a partilhar de suas opiniões ou a agir ou comportar-se de determinada maneira. Teoricamente, considera-se que o discurso é o momento em que o produtor coloca o texto (conceito), por ele elaborado, em curso. Nesse sentido, o discurso compreende um processo social, pois trata-se da relação entre o Eu à o Tu, através do Ele (o texto), sendo que esta interação sempre se situa em um tempo (Agora) e em um lugar (Aqui). Ele (= texto em curso) Eu ------------------------------------------------ >Tu Aqui x Agora Para colocar o texto em curso, o escritor modaliza-o de forma a atender a uma intenção de comunicação: a) Fazer o Tu fazer algo (discurso autoritário, pois cria no Tu o dever de obedecer); b) Fazer o Tu saber algo que imagina que ele não saiba (discurso informativo); c) Fazer o Tu querer algo (trata-se de um discurso que cria no Tu uma necessidade, por exemplo, o discurso publicitário); d) Etc. A modalização sempre está relacionada com os processos de persuasão e/ou argumentação, pois os argumentos sempre objetivam uma mudança de comportamento do Tu (persuasão). Nesse sentido, nunca existe discurso inocente, pois quando se diz algo sempre existe por trás do dizer um objetivo ou uma intenção. Pode-se concluir que o tradutor, para buscar a leitura de consenso, deve partir de uma manifestação linear do texto, isto é, da sua microestrutura, observando como se dá a sua organização coesiva. Esta organização coesiva deve dar conta da referência tematizada. A referência é nomeada ou designada em todo o texto por palavras das classes gramaticais do substantivo, do adjetivo e do verbo. Os advérbios buscam situar no tempo, no espaço, de diferentes modos, ou melhor, as circunstâncias referentes ao tema. Enfim, o tradutor deve saber verificar que o uso das classes gramaticais e até mesmo de desinências verbais e nominais, tem a função de apresentar ao leitor não só a referência tematizada, como também fazê-la progredir semanticamente na linearidade do texto. Neste sentido, as repetições da referência por sinônimos, por pronomes ou por quaisquer outras relações objetivam a sua identificação. Segundo Ingedore e Travaglia, não pode haver, no texto, oposição frontal entre as idéias; elas devem estar imbricadas por meio de uma construção sintática adequada às regras de estruturas relacionadas da língua. Estes imbricamentos sintáticos se dão por meio da coordenação e da subordinação. Neste sentido, o leitor deve ter domínio das regras sintáticas (concordância, regência, colocação pronominal etc.) da língua. Caso o leitor seja um tradutor, ele precisará ter domínio dessas estruturas tanto em L1 como em L2. Ingedore e Travaglia afirmam ainda que o leitor deva dominar relações explicativas, relações que vão do todo para a parte, da parte para o todo, relações alternativas para a escolha de uma alternância, relações de tempo que marcam fatores acontecidos no eixo da temporalidade e que estabelecem o imbrica mento entre causa e consequência. Estas relações de causa e consequência compreendem tempo anterior e tempo posterior, e que também podem marcar relações de meio e fim, de condicionador-condicionado etc. O tempo concomitante apresenta uma marca durativa que pode ter progressão. A relação de proporcionalidade sempre ocorre no tempo concomitante. Há ainda várias outras relações que devem ser reelaboradas pelo leitor, como por exemplo, caracterizador-caracterizado, comparante-comparado etc. Ressalta-se ainda que o texto deva apresentar um valor de verdade, isto é, ser verossímil. O valor de verdade de um texto tem a ver com o encadeamento lógico das frases, dos períodos e dos parágrafos, instaurando no texto uma sequencialização de idéias compatíveis com a “verdade” do mundo que o texto busca representar. Apelo Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato de na mesa por engano, a imagem de relance no espelho. Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um imenso corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda. E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcharam. Não tenho botão na camisa, calço meias furadas. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. –Venha para casa, Senhora, por favor? Análise Para analisar um texto é necessário ter sensibilidade para descobrir seu verdadeiro sentido. A sensibilidade não é um dom inato, mas algo que se cultiva e se desenvolve. Na análise proposta, caminha-se do mais concreto ao mais abstrato, do mais simples ao mais complexo, do mais explícito ao mais implícito. O texto Apelo, de D.Trevisan, possui quatro unidades de sentido: Primeira unidade de sentido: “Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa” é igual a 29 dias de ausência de a Senhora. A partir deste primeiro enunciado textual que busca informar o leitor sobre o tempo de duração de a Senhora, o autor vai sequencializar os fatos dentro de uma progressão temporal. Assim sendo, este enunciado traz para o leitor uma informação genérica que indica, nas unidades subsequentes do texto, as consequências causadas pela ausência de a Senhora. Coerência = “Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa.” Coesão = fatos que ocorreram durante esses 29 dias. As situações ou fatos relatados durante os 29 dias de ausência e a mudança de estado do eu-narrador compreendem, portanto, a expansão de uma relação binominal de causa à consequência, centrando-se exclusivamente neste último. Segunda unidade de sentido: “Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa da esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.” Nesta segunda unidade de sentido, pela seleção e combinação vocabular usada pelo autor (“não foi ausência por uma semana”, “bom chegar tarde em casa”, “não senti falta”) pode-se afirmar que a ausência de a Senhora provoca no eu-narrador um estado de liberdade (consequência). Assim, a ausência é vista por ele como sendo “lucro”. Nessa unidade, o sujeito da enunciação aponta para o leitor que a ausência não se concretizou totalmente, pois há marcas da presença de a Senhora por toda a casa: “... o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.” Por isso, o eu-narrador avalia a separação como lucro, pois através dela ganha-se liberdade, razão pela qual o seu estado é de uma certa felicidade (consequência, cuja causa é a liberdade que a ausência trouxe). Pode-se concluir aqui a primeira macro-proposição do texto: ausência é lucro quando implica liberdade. Terceira unidade de sentido: “Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um imenso corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar uma de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda.” Nesta unidade, imbricada com a anterior, através de uma progressão temporal da ausência de a Senhora, a o eu-narrador começa a sentir que a ausência não é lucro: Coerência = Senhora ausentar-se Coesão = 1. O leite coalhar pela primeira vez (observa-se aqui que num tempo anterior o leite não coalhava, daí o uso do numeral “primeira vez”). 2. “a pilha de jornais no chão, ninguém os guardou debaixo da escada” (percebe-se por esta construção que, além do eu-narrador, havia na casa outros habitantes e que a tarefa de guardar os jornais era de a Senhora. Com a sua ausência, ninguém assumiu estas tarefas). 3. “toda a casa era um imenso corredor deserto, e até o canário ficou mudo” (esta construção revela, pelo uso do vocábulo “deserto” que a casa – metonimicamente designada por “corredor” – é envolvida pelo silêncio e pela solidão. Para reforçar esta idéia, o escritor usa o vocábulo “até”, referindo-se à mudez do canário). Coerência = Como o eu-narrador sente-se fraquejar com a ausência de a Senhora, mas não queria demonstrar tal fraqueza. Coesão = ia beber com os amigos (buscava companhia para não sentir-se só). Todavia o texto afirma que ele sente-se sé: coerência = os amigos se irem uma hora da noite, coesão = “e eu ficava só”, confessando para o leitor que esta solidão era decorrente da ausência específica de a Senhora, e não da simples ausência de outras pessoas quaisquer. Coerência = a Senhora = uma presença a todas as aflições do dia, como a última luz na varanda (a estrutura da comparação possibilita ler que “Ela” era para ele a última luz do dia = que sabe compreender, ouvir e perdoar). Quarta unidade de sentido: “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero da salada – o meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcharam. Não tenho botão na camisa, calço meias furadas. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. – Venha para casa, Senhora, por favor?” Nessa unidade, o eu-narrador percebe a ausência total, a falta absoluta das pequenas coisas, do comportamento dela, de não ter a quem querer bem. Nessa unidade é retomada a metáfora presente na terceira unidade: “... a última luz na varanda”, o que denota que a vida do eu-narrador é escura e sem a sua Senhora: ela ilumina sua vida, é sua outra metade. Ela é sábia, e ele não sabe de nada (“Não tenho botão na camisa, calço meias furadas. Que fim levou o saca-rolhas?...”). Embora ele não cuide das coisas da casa, passa a se preocupar com as violetas, que são flores dela. Nesse momento, ele descobre que não sabe cuidar do que é dela (“As suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcharam.”). Ele depende totalmente dela e sente falta do equilíbrio e harmonia que ela promove na casa. A percepção da ausência total causa a saudade e, através da solidão e da saudade, o eu-narrador descobre o amor que sente pela Senhora. Só que ama sente saudade e solidão. Nesse momento, percebe-se que separar é péssimo, porque a separação implica em não partilhar com o outro o bem querer. Sobre a coerência, pode-se concluir que a referência do texto é a ausência, recortada na gradativa descoberta do amor (tema). As macro-proposições podem ser assim definidas: a) Equilíbrio: ausência é falta, obtida pelo afastamento. b) Desequilíbrio: ausência não é falta, mas sim lucro, pois implica em liberdade. c) Retomada do equilíbrio: ausência não é lucro, mas prejuízo, pois causa solidão e saudade. d) Avaliação: redefine-se a ausência como o tempo de ausência onde se dá a descoberta gradativa do amor, através da solidão e da saudade. Esquematizando o processo genérico da separação dentro desses 29 dias, tem-se: Nesse esquema, nota-se os três diferentes modos da ausência no decorrer do texto:
Resumo em nível de Coesão O texto “Apelo” mostra um homem que foi abandonado pela mulher há 29 dias e conta para o leitor como foi a sua vivência neste tempo. Ele diz que nos primeiros dias a falta não foi sentida, pois tinha liberdade de compromisso. Nos dias seguintes, começou a sentir sua falta, notando primeiramente nos serviços da casa por fazer e depois na solidão que sentia. Por fim, admite que sente saudades dela, porque a ama, apelando por sua volta. Resumo em nível de Coerência A ausência, ao contrário do que pensamos, não é somente a falta causada pelo afastamento. Ausência é, sobretudo, a descoberta, através da solidão e da saudade, do amor. Conclusão Os procedimentos de análise aplicados nesse estudo tiveram como objetivo ser um primeiro passo para o tradutor buscar aprimorar o seu trabalho na área de sua especificidade. Acredito ser necessário uma melhor compreensão dos processos de coerência e de coesão textual para um desenvolvimento mais completo de uma leitura consensual. Todavia, não deixei de buscar o “o que” o autor quis dizer ao produzir o texto “Apelo”. Assim, o objetivo proposto foi atingido. Acredito ser necessário desenvolver maior habilidade de análise textual para compreender melhor os processos de tradução a partir da chamada leitura de consenso. Ao realizar uma tradução não basta que o tradutor domine o léxico, a sintaxe da língua de partida, mas também possua um amplo conhecimento da cultura dos povos que falam essa língua. Há momentos em que nem um bom dicionário pode auxiliar o tradutor. Nesses momentos, ele necessita do conhecimento de elementos de cultura geral e compreende o texto que busca traduzir. Há muitos obstáculos encontrados no ato tradutório, porém deve-se lembrar que a escolha de termos apropriados depende inteiramente do contexto, pois este aparece apenas como essência no ato tradutório; o que é sinônimo e antônimo na língua não o são no ato textual. Cabe ao tradutor fazer bom uso dos recursos existentes para não comprometer seu trabalho, como, por exemplo, o estudo contínuo da língua (tanto estrangeira quanto materna), a consulta atenta a bons dicionários, conhecimento razoável das regras gramaticais, bom conhecimento geral e, acima de tudo, bom senso e sensibilidade para poder ler e traduzir significados textuais de uma língua diferente da materna, visando o enriquecimento de uma cultura. O trabalho do tradutor representa um papel decisivo no desenvolvimento cultural do mundo, pois é ele o instrumento pelo qual é feito o intercâmbio de informações, integrando o processo artístico, científico e tecnológico. Citando Guimarães Rosa, “o ato de traduzir é a prática de um exercício de estilo, uma pesquisa de interpretação; é, afinal, um ato de amor, pois se trata de transferir por inteiro numa outra personalidade”, isto é, para outro todo: os textos. Bibliografia ARROJO, Rosemary. Oficina de Tradução: A Teoria na Prática, São Paulo, Ed. Ática, Série Princípios, 1986. BASSNETT-MCGUIRE, Susan. Translation Studies, London & New York Methuen & CO, 1978. CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão, 5ª Ed., Ed. Ática, São Paulo, 1990, Série Princípios. FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2ª Ed, Ed. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1986. FIORIN, José Luiz. Elementos de Análise do Discurso, 2ª Ed, Ed. Contexto, São Paulo, 1990. KOCH, Ingedore V. A Coesão Textual, 2ª Ed, Ed. Contexto, São Paulo, 1990. KOCH, Ingedore V. & TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A Coerência Textual, 1ª Ed, Ed. Contexto, São Paulo, 1990. PORTINHO, Waldívia M. (org.). A Tradução e seus Problemas, 1ª Ed, Ed. Álamo, São Paulo, 1984. SIQUEIRA, João Hilton S. de. O Texto, 1ª Ed, Ed. Selinunte, 1990. |
ArchivesCategories |